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ARTIGO DA GAZETA: Sequestrador abatido por sniper

Repórter Jota Anderson
schedule Monday, 17/02/2025 as 20:43

            O jornal Metrópole trouxe, em 10/12 último, uma matéria a respeito de um homem de 38 anos que, em Mairiporã (SP), fez, no dia anterior, sua ex-namorada de refém. Policiais do Gate, uma das tropas de elite da PMESP, tentaram, durante 55 minutos, negociar com ele. Como não houve êxito nas tratativas, um atirador de elite – com extrema precisão – abateu o homem. A vítima, também de 38 anos, foi, então, liberta sem nenhum ferimento. Comentemos, pois, a notícia em foco.

            O primeiro ponto a ser destacado é o cenário do crime em andamento. Guardas Civis Municipais (GCMs) presenciaram a situação, mas não puderam acessar o lugar onde o homem mantinha sua ex-namorada refém porque ele montara, na entrada da casa, “barricada” com armários e estantes. O Gate foi, então, chamado. Aqui, já se vê que não estamos ante um simples desesperado devido ao fim do relacionamento amoroso, mas de alguém de comportamento extremamente possessivo que agiu com ampla premeditação. Detalhe: O autor do crime já tinha passagens pela Polícia.

            O segundo ponto a merecer destaque é o modo um tanto cinematográfico como o sequestrador agiu. Ele oferece pistas para tentar entender sua real finalidade. “Ao chegarem no local, os PMs notaram que Souza colocava a cabeça da mulher para fora da janela e ostentava uma arma apontada para a vítima” (sic!), diz a matéria. Ostentar a vítima como troféu, com uma arma de fogo apontada para sua cabeça, parece revelar uma personalidade que deseja, a seu modo, status, poder e prazer. Será possível a uma pessoa conceber essa triste cena teatral como se fosse normal? Creio que não! Pois bem, isto explica a infrutífera negociação policial. Afinal, só pode negociar quem está pronto a ouvir o outro lado. E este homem não estava. Ao contrário, parecia ter muito bem definido o desejo de possuir, em seu poder, a vítima e, em seguida, matá-la. Poria em prática a velha máxima dos egos anormais derrotados no seu afã de conquistadores baratos: “Se ela não foi minha, não será de mais ninguém”.

            Entra, então, em ação – e este é o terceiro ponto de nossa modesta análise – o atirador de elite da PMESP. “Um sniper do grupo especial conseguiu encontrar posição de disparo em que não ferisse a vítima ou colocasse terceiros em risco. Souza foi atingido e morreu na hora. A vítima foi socorrida sem ferimentos”. O PM fez o que tinha de ser feito. Na justa medida. Por quê? – Para que não tivéssemos, como em 13/10/2008, um novo “Caso Eloá”. Em suma, este fato envolveu uma rapaz (Lindenberg) que também sequestrou e exibiu, por dias, através de uma janela, sua ex-namorada Eloá. Mesmo com uma arma apontada para a cabeça da adolescente o tempo todo, achou-se (e o verbo achar, no sentido de mero palpite, parece, aqui, bem empregado) que era um caso de paixão mal resolvida. Mas não era. Eloá acabou assassinada por seu algoz.

            Sobre esta ocorrência, importa citar Ana Beatriz Barbosa Silva, médica psiquiatra e autora do livro Mentes Perigosas: o psicopata mora ao lado (Ed. Principium). Ela diz o seguinte: “A Polícia deveria ter atirado nele quando teve a chance. Não se negocia com psicopatas. [...] Tem de atirar quando houver a chance e resgatar a vítima” (As pessoas não aceitam que o mal existe. Infelizmente, ele existe. O Estado de São Paulo, 28/10/2008, on-line). Graças a Deus, desta vez, a cena não se repetiu. Estão de parabéns os GCMs, por pedirem ajuda de uma tropa especializada da PM; e os PMs, pois agiram de modo corretíssimo.

            Por fim, uma questão moral: Sobre quem recai a culpa da morte do sequestrador? – Sobre ele mesmo (ainda que não tenha uso da razão) que, com sua ação, se expos à morte (cf. São João Paulo II. Evangelium vitae, 1995, n. 55). O bom atirador de elite pode – e deve – dormir tranquilo. Cumpriu bem a sua nobre missão de salvar vidas.

Por: Vanderlei de Lima é eremita de Charles de Foucauld e autor do livro Psicopatas (Ed. Ixtlan, 2022).

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