Por: Emanuela de Sousa
Vamos falar sobre? Afinal, há uma grande curiosidade em torno desse assunto, muitas especulações, dúvidas, mas pouco se fala abertamente sobre o acaso. Talvez pelo embate de opiniões, pelas divergências e crenças.
Dia desses assisti um programa que caiu em pauta debater e esclarecer sobre o acaso, mas acabei dormindo por conta do horário. Lembro de algumas coisas citadas nesse programa que me chamou a atenção; podemos chamar acaso de diversas formas: "destino”, "sorte”, "fortuna". Fortuna é o nome pelo qual Maquiavel (filósofo, poeta e dramaturgo) deu a palavra destino. Segundo ele, é uma grande virada na vida da pessoa, "que pode mudar seus rumos." Segundo o que escreveu em seu livro de maior destaque "O Príncipe”, Maquiavel diz que "a fortuna está relacionada à ideia de acaso e de sorte. Os príncipes devem estar atentos à roda da fortuna, ora favorável ao seu governo, ora um obstáculo.
Por esta razão, o príncipe precisa estar sempre atento, desenvolvendo sua virtù para obter boas oportunidades mesmo que a roda da fortuna não lhe seja favorável."
Outra questão que se encaixa é a superstição. Essa falsa crença que trazemos de geração em geração, sem base científica, nós praticamos no nosso dia a dia, a fim de fugir do acaso. Desvirar o chinelo, passar embaixo de escada e outras tantas outras que eu poderia citar aqui, perceba que não há lógica. Temos a clara convicção que iremos cruzar com o azar caso quebremos a tradição. Quem inventou a superstição? não sabemos, percebe-se que são costumes antigos que trazemos de avós e segue acompanhando até hoje.
Para algumas pessoas não adeptas da superstição, não existe sorte ou azar, existe apenas esforço. Se você trabalhar bastante, lá na frente irá colher os resultados de seus esforços, independente de religião, crença ou superstição. Essa ideia, bastante realista e pragmática, não se aplica a outra porcentagem, que acredita no oposto, não importa quão o indivíduo se esforce, a sorte não irá acompanhá-lo caso more em um país com muita desigualdade social ou com problemas sociais.
Todos esses argumentos são válidos. Podemos crer na convocação que a sorte existe e ela está ao nosso lado, como também pode acreditar que de fato ela não exista. O que existe e é real é o medo da humanidade em relação ao acaso.
O ser humano é por natureza, medroso, e teme que não está sob seu controle. O medo do desconhecido (e isso também aplica ao chamado preconceito) o medo de alguma coisa que esteja acima dele.
Tem-se a péssima ideia que estamos sob controle seja de vidas, da casa, da empresa que se dirige, do casamento, de um estado, um país… mas há outras coisas que são inegociáveis e estão invisíveis, que não consegue-se enxergar. Um grande exemplo disso foi a pandemia em 2020. Um vírus espalhou-se pela China e não conseguiram deter o contágio. O mundo inteiro foi contaminado, ninguém imaginaria.
Temos medo do que não é possível ver a olho nu, medo do que não se pode controlar.
O que falta para a humanidade entender que somos apenas pequenos seres terrestres diante de uma imensidão? Não se pode controlar o que não possui…
Vale a pena pensar.